Esse não é o meu filho.



Esse não é o meu filho.

O menino de 7 anos entrega pra mãe o bilhete da professora. Os olhinhos repletos de medo e lágrimas.

A mãe, empregada doméstica que estudou só até o ginásio, pára de fazer a sopa para ler: "Mãe, seu filho é desatento, apático, desmotivado e irmão de autista. Favor encaminá-lo a um especialista."

A mãe senta-se na mesinha da cozinha. Agora é ela quem está engasgada e com vontade de chorar. Olha para o menino assustado. Chama-o para perto de si.

"Amanhã, vou na escola falar com sua professora. Vou dizer para ela que vamos rasgar esse bilhete porque ela errou de criança. Eu não conheço este menino que ela escreveu aqui. Este não é o meu filho. A única coisa que ela acertou foi sobre seu irmão. Mas sobre você...tá tudo errado. Vou falar para ela prestar mais atenção e ver que você não é nada disso."

O menino dá uma risada gostosa: "Jura, mãe? Você vai falar pra ela que não sou eu?! Rá, rá...nós vamos mostrar pra ela, né, mãe!"

"Claro que vamos. Apático, desatento...nã, não. Eu não conheço essa criança. Amanhã, você senta bonitinho na sala de aula e mostra para ela que esse menino não é você. Agora, come sua sopa."

Abraçou o menino, tirou o cabelo da sua testa e depois de lhe servir um prato de sopa quentinha, foi espremer limão para fazer limonada.


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MANIFESTAMOS PELO ATIVISMO ANÔNIMO E INCANSÁVEL DAS MÃES. MÃES QUE BRIGAM POR UMA ESCOLA MELHOR, MAIS HUMANA E SIGNIFICATIVA; PÚBLICA OU PRIVADA.

Manifesto pelas Mães. www.grupocria.com.br

Comentários

Anônimo disse…
Desculpa, gente, mas não entendi a "moral da história". Faltou interpretação de minha parte?

Bjs,

Viviane Rolemberg
Twitter: @vivirolemberg
www.vivieduehelena.blogspot.com
Carolina Pombo disse…
Taís, comentários como esse aí da Viviane mostram como estamos acostumados a essa postura preconceituosa de alguns professores. A gente naturaliza, coloca neles todo o poder de especialistas e esquece que "o filho é meu!"... Eu quero fugir desse péssimo hábito de delegar ao professor toda a educação e "verdade" sobre nossas crianças.

Para te atualizar: tirei a Laura da creche, e estamos conseguindo um desconto para colocá-la numa outra escolinha, com um proposta bem diferente. São só 3 horas, com no máximo cinco alunos por criança, um espaço físico sensacional e com uma professora que é uma antiga amiga da família! To muito feliz pelo privilégio que ganhamos! Mas, queria mesmo é que todas as mães tivessem esse apoio que estou tendo!

Aproveita e passa lá no blog para ler sobre o caso das drogas em Fernandópolis.

Beijão

http://www.whatmommyneeds.net/2010/08/onde-fica-fernandopolis-sobre-drogas-e.html
Carolina Pombo disse…
Ops: cinco crianças por adulto! rsrsrsrs
Taís Vinha disse…
Viviane, minha linda. Vc entendeu direitinho. Não, tem moral não. É só um diamante meio mal lapidado mas precioso que apareceu no meu caminho. E quis compartilhá-lo com vocês.

Bjs!
Taís Vinha disse…
Carolina, tb fiquei chocada com o postura da professora. Preconceito e inabilidade na sua forma mais pura. Mas a mãe foi tão soberana, tão sublime que resolveu ali mesmo, com o garoto. O que mostra que não é classe social que nos impede de atuarmos como mães.

Fiquei tão feliz com a notícia da sua bebê! To torcendo pra dar tudo certo. Parece que vai ser muito legal nesse novo espaço.

Li seu post e vou escrever sobre ele. Vc me permite?

Bjs!
Unknown disse…
TaVi, assinado...
Tô numa semana que começa com o cérebro meio embaçado... um sono, sem saber o que fazer... adorei o texto e sim, isso ai. Vamos tomar o poder e a responsabilidade que nos cabe!!!
Bjoks
paula
PS: Deixando claro que esse é um poder compartilhado... nada de assumir a parte de cabe a outros...
Caliê disse…
Ótimo texto e mil interpretações. A mais humilde das mães conhece seu filho, quantos casos de alunos que mudam de sala ou escola e viram outros aos olhos destes que os ensinam. Já os que não tem opção, moldam-se aquilo que ouvem, e acabam fazendo jus a fama.
Paloma Varón disse…
Ah, se todas as mães fossem assim. O problema é que nós, mães, temos a mania de aceitar tudo o que a escola e os médicos dizem, em vez de confiar mais nos nossos instintos e no nosso bom senso para educar e cuidar.
Beijos
Taís Vinha disse…
Oi Paula, cê num tá grávida não? Esse soninho...

Exatamente...nada de assumir a parte que cabe aos outros. E nada de nos deixar levar pela opinião alheia. Mas tem hora que é difícil...

Caliê, pois é, me impressionou a sabedoria de uma mãe humilde, sem estudo e mãe de filho especial. Eu mesma não sei se agiria da mesma forma que ela. Aliás, não na forma imediata com que ela elaborou esta resposta. Eu precisaria de mais tempo para pensar.

Olha a responsabilidade da professora: uma mãe mais desavisada, teria pego o "reio" de dado no menino. Ou se desesperado com a possibilidade de ter que arrumar tratamento psicológico na rede pública. Ela deu amor, confiança e estímulo. E deu de 10 a zero na que se diz "mestra".

Concordo, Paloma. A gente vai se desesperando e correndo atrás de encrenca. Acho que essa mãe estava tão curtida, depois do primeiro autista que sabia que o diagnóstico estava errado. Intuitivamente, é claro.

O que ela fez, é o que chamam de técnica afirmação, de reforço positivo. E que a professora antes que qualquer um deveria conhecer.

Bjs e obrigada por comentarem.
Carolina Pombo disse…
Oi Taís! Fique a vontade para comentar o post! Alguns cidadãos de Fernandópolis se pronunciaram com comentários. É bom saber a opinião deles também.

Beijos!
Hegli disse…
Me vi direitinho nessa história, em tempos e termos diferentes...
No começo do ano passado, a professora do meu filho me mandou vários bilhetes (uns 7 em 4 meses) dizendo que meu filho era “desligado, desatento, desorganizado e distraído na sala de aula” e pedia que eu” tomasse providências”.
Triste e confusa, fui até a escola e conversei com ela e a coordenadora. Soube que ele tinha boa relação com os colegas, nunca havia desrespeitado a professora e as notas eram ótimas. Perguntei onde isso estava afetando a vida dele e ela disse que “estava só me prevenindo” sobre futuros problemas. Nunca mais mandou bilhetes.
Neste ano, na segunda reunião, a nova professora passou por mim e não disse nada. Estranhei e questionei se ela notara o jeito que ele tem de se distrair... Ela foi direta: Ele é assim mesmo, se distrai com facilidade e fala muito, mas é bom aluno... entende os conteúdos, faz as atividades, contribui em debates sobre todos os assuntos e é muito prestativo comigo e com os colegas. Mas ele se distrai fácil mesmo, é o jeito dele, não vai mudar. Mas está tudo bem, não se preocupe.
Ufa! Saí da sala tão aliviada.
Nada como um profissional que presta atenção no que o aluno pode oferecer e não somente apontar o que ele não consegue fazer.
Amei o post Taís, pra variar!!!!!
Taís Vinha disse…
Hegli, as professoras deveriam ter real noção do impacto de seus bilhetes na nossa vida. Assim usariam este recurso com maior critério. No caso da mãe do texto, ela foi preconceituosa e cruel. Imagine, a pobre da mãe já tem que lidar com uma criança especial. E a profa a tortura com o outro, que é ABSOLUTAMENTE normal. Eu conheço ambos e "agarantcho"! Não é falta de caridade, de compreensão, de cumplicidade pais x educador? Por isso achei a mãe soberana! Porque não entrou no jogo. E dentro do mundinho dela, soube contornar com maestria a situação. Temos muito a aprender com ela!

Bjs!
Hegli disse…
Taís, concordo plenamente que a professora foi preconceituosa e totalmente cruel. Eu tive a esperiência de lecionar em periferia, na escola estadual, 21 salas por periodo, imagine... e professores com falta de caridade, de compreensão, de cumplicidade é o que mais tem, infelizmente. E muitos são pais e mães, ou avós. Cada coisa que eu ouvia na sala dos professores que ficava até constrangida, tinha uma professora que se referia aos alunos sempre como "bando de animal" ou "idiotas". O que eu mais via na escola, em dia de reunião, eram mães prometendo surras quando as professoras reclamavam dos seus filhos.
Essa mãe foi além de se indignar com o bilhete e com a professora, contornou a situação com carinho e transmitiu a segurança que o garoto precisava. Nota 1000!
Bjus
Mamma Mini disse…
Professora péssima, mãe incrível, também acho que nós mães é que sabemos acima de tudo "quem é o nosso filho" e não podemos MESMO aceitar tudo o que nos é imposto por educadores, professores, médicos e afins... eu concordo com a Paloma quando diz que temos o hábito de aceitar tudo o que nos é colocado em relação aos nossos filhos, e é um erro.
Eu por exemplo (nada a ver com a história, mas acho que cabe no assunto) levei meu filho ao dentista, ele tinha 1 ano e meio, a dentista fez os procedimentos nele durante 40 minutos com ele aos berros e praticamente "atado" por mim e pela babá dele enquanto ela fazia uma "pseudo" limpeza e avaliação da boca dele. Ele suou tanto e passou um stress tão grande que ficou 2 dias sem andar. Eu fiquei me sentindo a pior mãe do mundo por ter confiado em uma profissional tão péssima quanto esta dentista. Mandei caçar a mulher porque gente, uma odonto pediatra tem que ter sensibilidade para saber a hora de parar e não traumatizar a criança...eu fui super insensível porque achava que tinha que confiar na dentista que na minha leiga opinião sabia o que estava fazendo... mas depois deste dia, NUNCA MAIS ninguém faz nada no meu filho que eu não permita, se passar do nível do bem estar dele eu assumo o risco. Já cansei de ir pro einstein e assinar o papel de que não vai fazer triagem quando eu já medi a febre e fiz tudo e tal...hoje conheço os limites do meu filho, e sei que ele não funciona sobre pressão. Quis colocar este pequeno texto aqui para mostrar que estamos sim a mercê de profissionais incompetentes e com talento zero para cuidar de crianças, mas temos que exercer nossa função, nossa sensibilidade e nosso poder de mãe, e melhorar a qualidade da vida das nossas crianças. beijos
Fernanda
Hegli disse…
*experiencia
Mariana disse…
Mama Mini com muita razão neste comentário.
Já passei por semelhante "causo" com medico e hoje recuso na hora qq insensibilidade com meu filho que é gente e merece respeito.
Beijo no coração, Mariana do Diário da Mariana
Taís Vinha disse…
Mama Mini, eu tb já passei por isso. Fiquei tão aliviada quando li seu relato, porque me até hoje me culpava...levei meu filhote pra tirar sangue e a moça era uma estagiotária, que não achava a veia e furou o bracinho dele como uma peneira enquanto o menino urrava de dor. E eu angustiada mas quieta, achando que era assim. Até que vi na expressão da outra mulher que estava na sala uma olhar de "medo de escandalo de mãe". Foi a deixa para eu interromper tudo e mandar chamar alguém experiente. Mesmo assim só deixei tocarem no menino depois dele se acalmar. A velha de guerra do laboratório veio, deu uma picadinha de nada tirou todo o sangue que precisava e eu fiquei pensando que só uma mãe de primeira viagem deixaria uma paquita furar o braço do filho. Até hoje meu filho brinca com essa história! Bjs!